Como já mencionei anteriormente, na cultura ocidental o códice gradualmente passou a substituir o "livro" no formato de rolo tornando-se o precursor dos livros como os conhecemos em nossos dias. Eram muitas suas vantagens: ele podia ser aberto em qualquer página e mantido aberto facilitando a leitura. Suas páginas podiam ser escritas de ambos os lados e como era mais compacto e protegido por capas era mais facilmente organizado e arquivado numa biblioteca e transportado. Posteriormente deu lugar ao livro impresso.
Uma das formas mais antigas de códices eram as tabuletas de cera utilizadas na Grécia e Roma antigas.
Tabuleta de 21x11cm com manuscrito em gregoe estilete de bronze
Eram pequenas tabuinhas de madeira com as bordas em relevo, como uma espécie de moldura, onde era depositada uma fina camada de cera líquida e sobre a qual, depois de fria e endurecida, se escrevia com um estilete. As bordas elevadas, além de conterem a cera, evitavam que os manuscritos fossem danificados quando fechadas. Tinham a vantagem de poderem ser apagadas, aquecendo-se ou raspando-se a cera , e reutilizadas.
Obra do pintor grego Douris, circa 500 B.C.Homem grego escrevendo numa tabuleta de cera.
A expressão tabula rasa - tábua raspada - tem origem nesse procedimento significando página em branco e tendo sido utilizada como metáfora por Aristóteles para designar a mente desprovida de conhecimento.
Acredito que os "quase-computadores", rs, denominados tablets também remetam à antiga prática que em inglês é chamada de wax tablet.
Quando reunidas através de furos por meio de fios, couro ou aros de metal podem ser consideradas códices, principalmente porque a própria etimologia da palavra codex - bloco de madeira - sugere que tenha evoluído a partir das tabuletas de cera. A da primeira foto tem 4 furos porque originalmente fazia parte de um códice.
Códice de tabuletas de cera |
O conjunto mais antigo de tabuletas de que se tem notícia foi descoberto em Pompéia na casa de um banqueiro, é composto de 127 unidades datando de 15 a 62 D.C. e está no Museu Nacional de Nápoles.
com o estilete na boca e as tabuinhas de cera na mão.
A cera empregada era composta basicamente de cera de abelhas, óleos extraídos de plantas, pigmentos de carvão e tinha uma coloração marrom escuro.
Os estiletes podiam ser de madeira, metal, osso ou marfim. Eram pontudos no lado com que se escrevia e em forma de espátula (achatados) no outro para que se pudesse "apagar" o que foi escrito.
As tabuletas eram usadas para registros de contabilidade, cartas e documentos legais tais como certidões de nascimento.
Certidão de nascimento do menino romanoMarcus Cornelius Iustus, c. 103 A.D.
Já os rolos de papiro ou pergaminho eram destinados a propósitos mais nobres como literatura e poesia. Por isso os vemos lado a lado nesta natureza morta da casa de Julia Felix em Pompéia.
Pretendo, em breve, fazer um códice de 2 tabuletas de cera que certamente exporei aqui mesmo nesta postagem.
Fotos: 1- The Schuyen Collection
3- Landesmuseum für Kunst und Kulturgeschichte in Bremen, Germany.
5- University of Michigan's Library
Dona Vera-pesquisadora-estudiosa-nata, voce não existe, adorei esta aula de história da escrita!
ResponderExcluirBravo!!!!!!!!!!!
Elô